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Aqui estamos, a 266 dias conectados. Não nós 2, como todos que você atrai pra perto da gente. São conexões que ainda não existiam e que se estabeleceram através da sua presença em mim, além das já existentes que se tornam mais fortes na medida em que você cresce.

Sou gratidão e felicidade por inteiro. Inteira como jamais havia sido, preenchida só por saber que você, nada mais é, do que soma e transbordamento do amor mais imenso de que se tem notícias.
Amor esse que resultou na mistura mais poderosa do universo, responsável por mudanças grandiosas e sutis.
Me tornei portal do Sagrado, capaz de gerar e trazer vida. Tendo que exercitar a paciência, nessa longa espera do seu e do meu desenvolvimento. Agora sou curva no espaço-tempo, deixei de ser apenas um ponto. Percebo que tudo de mais bonito que absorvi até aqui, foi pra que pudesse ser transmitido na continuidade. A ansiedade está toda aí, na oportunidade de apresentar o mundo à você, e ver tudo sob outra ótica, como se também fosse a minha primeira vez.

Esperamos sua chegada, carregados de amor.

cinco.

Já fazem cinco meses que meu corpo se empenha em formar cada pedacinho seu. Acompanhei, curiosa, cada estágio dessa jornada, até aqui. Seus membros sendo desenvolvidos, órgãos, tecidos...

Meu coração tem batido acelerado, o sangue circula como jamais havia circulado. A ansiedade aumenta ao passo que sinto você dentro de mim, a cada movimento seu, dentro do meu ventre.
Me sinto completa agora, tendo em mim, dois corações. Fui arrebatada por esse amor que imagino ainda não ter chegado a sua potência total, afinal, ainda nem te coloquei em meus braços. E não vejo a hora!

Quanta emoção existe em apresentar o mundo a um ser que acaba de começar sua jornada. Quanta coisa boa eu já vi, que posso te mostrar. Quanto amor há pra você...
Tenho visto tantos sorrisos por sua causa, tantas mudanças acontecendo e outras tantas que ainda estão por vir.

É só o começo e já me sinto inundada pela gratidão de ser sua mãe.

Uno

Continuamos ocupando a terra com nosso egoísmo e prepotência. Somos donos de tudo, a natureza e os animais nos pertencem, as pessoas tem valor monetário, NÓS temos preço.
Nascemos programados para vencer, mas... Vencer de quem? Vencer o que? A vida afinal se tornou um jogo? Há a necessidade de competição? Não tem lugar pra todo mundo? Me parece que não...

Em algum lugar, alguém achou que dividir era injusto, achou que precisava ter mais que os outros, que precisava liderar, se sentir superior. E a sociedade como conhecemos, surgiu. Não havia mais espaço pra gentileza, muito menos para compaixão; "Só importa a mim, o Outro não!"
Eis, então, essa espécie solitária, que é incapaz de perceber sua existência como um todo. Prefere viver uma vida de miragens e falsas felicidades à enfrentar a vida pura, como ela é.

Precisamos consumir, aparentar, nos mostrar, e para isso, precisamos cada vez mais do dinheiro. Esse pedaço de papel que parece comprar tudo, inclusive almas.

Nos enganamos e nos anulamos, como se a vida fosse descartável (igual a tudo que consumimos). Queremos ter tudo, mesmo que isso custe nosso tempo e até mesmo nossas vidas.

Do alto de nossos caprichos, resolvemos não nos importar com quaisquer outra forma de vida que exista em nosso planeta. Passarinhos estão em gaiolas, animais em jaulas ou indo para o abate, a terra apodrecendo, as águas sendo envenenadas, árvores como simples produtos em nosso dia-a-dia.

E enquanto a idéia de harmonia entre os seres parecer uma utopia, irmãos definharão, diariamente, por falta de AMOR. 

Fez-se verão.

Não havia lugar onde eu pudesse repousar, não havia conexões profundas. O que havia era um buraco, uma melancolia disfarçada de alegria.
Eu era feliz, eu sorria. Mas é que FELICIDADE me soa tão mundano e o que eu sinto é tão leve e inexprimível, que eu ainda não encontrei uma palavra apropriada. Talvez nem AMOR seja a palavra certa para o que eu sinto. É maior que isso!

Uma alma só, dividida em dois corpos. Um só amor, um só coração.
Dia após dia, as necessidades do espirito vão sendo supridas. Não há nada que falte. Tenho agora quem me eleve ao essencial, quem me acalente a alma, quem me desapresse..
Quanta sorte em ter a vida tão ensolarada e azul. Sinto como se agora minha força fosse multiplicada, nessa sensação de não estar sozinha. Sou grata e plena, dentro desse abraço quente e coberta por esses olhos cor de mata.