domingo, 8 de abril de 2018

Poucas linhas, muita angústia.

Nessa fase em que se compreende Kurt, eu desejaria não ver nem ouvir além do que me mostram ou me falam.

sábado, 7 de abril de 2018

Nada sabes!

A poesia flui em mim, as palavras desabam e as vezes parecem espinhos, furando incessantemente meus pensamentos.
Querem sair, desejam existir fora do mundo das idéias, crescem tanto que chegam a sufocar.
Calam o sono e até o prazer dos corpos. Me fazem paralisar e culpam o meu não-agir.
Desejam que eu faça, que eu sai e as seja. Mal sabem que sou, e que só sou porque elas existem.

00:30

haikai

Olha só, moço, o que vês e sentes é criação tua. Antes eram só sementes cravadas na terra, mas tu és como gota d'água em terra seca.
Infiltrando esse meu solo árido, com teu amor de chuva no sertão.

Janeiro, 2018

desordem e regresso

Sou dona dessa terra, e não me lembro de ter assinado nenhum contrato em acordo com essa realidade que impõem aos filhos dela. Ou será que ao nascer, somos fadados as leis de outros?
Onde estará então, a LIBERDADE e a DEMOCRACIA? 
Procurando entender, pesquisei sobre a definição dessas palavras e encontrei que Liberdade é o "Nível de independência absoluto e legal de um indivíduo, de uma cultura, povo ou nação. Estado ou particularidade de quem é livre; característica da pessoa que não se submete.'' O que não se aplica de forma alguma a vida que vivemos todos.

criatura e criador

Eu já sabia que a vida podia ser linda, mas agora vejo a beleza infinita que existe nela. Vendo vocês se conhecendo e se conectando, dia após dia, quando ele percebe que você é porto e segurança, que é amor e aconchego.
Não há duvida de que ele já sabe, basta ver o olhar de paixão e contemplação e todos os sorrisos que ele te dá... É pura vida!

quarta-feira, 3 de maio de 2017

136

Não tem trilha, não tem cinema, não tem refeição feita com calma, não tem praia, nem piscina. Mal tomo sol ou corro na esteira.
Agora é assim, eu sou o segundo plano e não relaxo enquanto não souber que meu filho está limpo e de barriguinha cheia.
Quem é essa mulher que eu nem sabia que existia?! Vivia pra mim e exclusivamente pra mim. Fazendo o que queria, na hora em que queria. Já pensei que essa mudança fosse ruim, mas cada vez fica mais claro que não. Estou amadurecendo e me tornando a adulta que devo ser. Redescobrindo a vida sob outra perspectiva senão essa de hora do recreio eterna e que só existe diversão e fim.
Afinal, a vida é mais que isso. Não quero mais o reconhecimento de ninguém ou satisfação do meu ego, quero ver meu filho saudável e meu marido feliz ao meu lado.
Quero aprender o que há de melhor para ensinar á ele e só quero viver se for ao lado desses meus dois amores e nada que é bonito vai ser, se não houverem os dois.

Continuo sendo a mesma, descobri que somos todos crianças, não importa qual idade tivermos.
Meus ouvidos e meus olhos estão mais abertos do que nunca, prontos para absorver o que quer que a vida tem pra me mostrar. Minha força agora eu conheço desde que pari e enquanto vou deixando ir a Menina e reconheço a mulher que existe e precisa crescer.

Ao universo eu agradeço, pela oportunidade de aprender da melhor forma possivel: através do amor.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Relato

BOOM! O exame deu positivo, contei ao pai que estava grávida e ele deu o sorriso mais largo que eu havia visto até então. Começamos ali a nossa jornada, nós 3.

O primeiro passo foi fazer um plano de saúde, já que eu ainda não tinha. Logo descobri que havia carência de 11 meses para parto e isso foi o inicio de longas pesquisas que eu faria até o fim da gravidez. Descobri então um novo mundo e todas as dualidades da escolha do parto. Não precisei ler muitos artigos para decidir que teria meu filho de forma natural.

Não tínhamos um obstetra e fui indicada a procurar uma médica, o pré natal tinha que começar e logo marquei uma consulta. Na primeira vez contei a ela sobre minha escolha, foi então que ouvi que o parto deveria acontecer até o dia 23/12, antes de suas férias. Fiquei assustada com aquilo e sabia que precisava encontrar outro médico.

Foi em uma ótica que os caminhos lindos da minha gestação começarão a ser traçados. O gerente, que em meio as minhas reclamações sobre a demora da entrega dos meus óculos, me indicou que procurasse grupos de gestantes. Bastou uma reunião e lá estava o contato do médico mais maravilhoso do mundo, mal sabia eu...

Primeira consulta, fui logo perguntando sobre as condições para o parto natural e a resposta não poderia ser mais encorajadora; Que eu só precisava querer e o Benjamin querer também, além de estar em um lugar que acolhesse minha decisão. Então era eu, cheia de coragem e informação, uma gravidez tranquila e um bebê com a cabeça para baixo desde os 4 meses, agora só faltava a maternidade.

Sabendo dos índices alarmantes de cesárias em hospitais particulares, além do meu plano não cobrir o parto e o alto custo, descobri que o SUS do RJ, tem um projeto incentivando a naturalização do parto e aqui em Nitéroi havia uma maternidade HUMANIZADA, não poderia ser melhor.

Porta aberta, era só chegar lá quando achasse que era a hora. Não havia ninguém melhor pra estar ao meu lado nesse momento do que o meu marido, preparado e bem informado, me acompanhou em todas as consultas e exames e estava conectado á gente como nenhuma Doula jamais estaria. Fiz o pré-natal paralelamente pelo plano e a gravidez seguia tranquila. Yoga e boa alimentação me fizeram chegar ao final da gravidez com apenas 6kg a mais. Dormia bem e estava bem disposta, me sentia conectada a ele e procurei não idealizar o parto, confiei na natureza e deixei rolar.

Malas prontas, 38 semanas e muita ansiedade. Já havia tido algumas contrações e tinha a sensação de que ele estava chegando. Depois vieram dias em que não sentia nenhuma contração e logo percebi que ainda não era a hora. Até que com 39 semanas, sexta feira a noite, depois de dois dias com a sensação de alguma coisa estranha estava acontecendo com meu corpo - dores na lombar, dificuldade pra dormir e cólicas, comecei a ter contrações seguidas e desregulares.

A intensidade da dor foi de 2 a 10 em minutos, logo estava gritando no quarto, mas as contrações não tinha ritimo e minha bolsa não havia estourado. Resolvi tomar um banho e tive uma contração dolorosíssima no banheiro. Quando sai meu marido já estava com nossas coisas na mão, alguma coisa estava acontecendo.

Quando entramos no taxi e Pedro disse ao motorista que era pra ir para a maternidade, ele enlouqueceu, como se sempre tivesse esperando por esse momento. Uma mulher em trabalho de parto no seu carro. Andou pela cidade como naqueles filmes Velozes e Furiosos, passando pelos sinais e fazendo curvas assustadoras, enquanto eu gritava no banco de trás.

Lá estávamos nós, 2:30 da manhã, triagem, 8 de dilatação, mal podia acreditar. Aquele momento havia chegado e eu estava quase pronta. Contrações sem ritimo, nenhum inchaço, barriga alta, bolsa que não rompeu e nenhuma sujeirinha na calcinha. Eu era a exceção e estava lá, quase parindo.

Fomos para a suíte, tirei a roupa e coloquei a camisola. Ficamos lá sozinhos, eu, Pedro e Benjamin, que essa altura fazia tanta força pra sair, que eu já estava aos berros pedindo pela cesária. Uma enfermeira entrou no quarto, me ouviu gritar palavrões, pedidos de socorro e discursos sobre meu direito de não querer mais sentir dor e com toda paciência do mundo, me disse que eu estava pronta, que eu tinha que passar por isso e que A DOR era INEVITÁVEL, Mas o SOFRIMENTO era OPCIONAL. Me colocou debaixo do chuveiro quente e novamente estávamos sozinhos.

Entrei então na famigerada Partolândia. Fechei a porta do banheiro e nenhum som saia da minha boca mais. Fiquei lá por algum tempo, até que decidi voltar para o quarto, apaguei a luz e andava de um lado para o outro quando a contração vinha, percebi que a dor era insuportável quando parada.

Foi quando eu já estava exausta, apenas pouco mais de duas horas depois da minha entrada na maternidade, que a médica entrou no quarto e disse que a hora tinha chegado. Deitei na cama, pernas pra cima. Lá estava a cabecinha dele, Pedro havia visto e percebeu que estava acontecendo. Se pôs do meu lado e começou a gritar como se estivesse vendo um jogo do Mengão em uma final no Maraca.
"Eu to vendo a cabeça dele, não para, não para... Que mulher! Que Força!"

Eu fazia força, a cabeça dele aparecia, exausta, parava e ele voltava pra dentro. Até que com meu olhos fechados, conduzida pela voz de Pedro, fiz toda a força que jamais eu saberia que tinha e lá estava ele. Direto para os meus braços, eu não podia acreditar. Descobri que sou uma Deusa, percebi o portal do Divino que a Mulher é. Tinha dado e recebido a Luz, tinha nascido ali.